domingo, 9 de novembro de 2008

Publicado na imprensa

Quem precisa da TV aberta?

O que restou na televisão aberta para os "baixinhos", como diz Xuxa, passada a era das apresentadoras loiras? Com raras exceções, como o "Cocoricó", da Cultura, a TV aberta se mostra cada vez menos capaz de criar fenômenos entre crianças e os chamados "tweens", os pré-adolescentes. As "paixões" da meninada hoje são "Backyardigans", "Ben 10", "High School Musical" e outros programas totalmente gestados em canais pagos, que estampam milhares de subprodutos, de DVDs a cuecas e macarrão instantâneo. Essa transformação se relaciona diretamente ao fato de as grandes redes abertas terem reduzido significativamente o investimento em programas infantis, considerados caros. Além disso, a TV paga aumentou sua penetração no país. Em 2003, quando voltou a crescer, eram 3,5 milhões de domicílios, hoje são mais de 5,5 milhões, 80% da classe AB. Por fim, os canais infantis ampliaram substancialmente a base de assinantes e estão entre os líderes de alcance. O Discovery Kids, pré-escolar, tem mais assinantes do que qualquer canal pago. De 2,2 milhões em 2002, já ultrapassou 4,8 milhões, contra 4,1 milhões da Warner e 3,9 milhões do Multishow, populares canais de entretenimento. O Cartoon tem 3,8 milhões, o Disney e o Nickelodeon, 3,6 milhões cada um, o Jetix, 3,2 milhões e o Boomerang, 2,8 milhões. A TV Rá-Tim-Bum, único infantil fechado nacional, está com 1,6 milhão ("Mídia Fatos" 2008). No Discovery Kids, os telespectadores adoram "Hi Fi", "Lazytown", "Charlie & Lola" e os "Backyardigans". Os pequenos têm mochilas, pelúcias e fazem festas de aniversário com esses personagens. Garotos maiores são fãs, entre outros programas, de "Ben 10", desenho criado pelo Cartoon que já virou filme para a TV. Ben, garoto que se torna herói ao girar o relógio, estampa mais de mil produtos só no Brasil. Já os pré-teens são ávidos consumidores dos mais de 500 produtos do "High School Musical", filme realizado e exibido pelo Disney Channel no qual uma banda se forma na escola, e seus "filhotes" com enredos semelhantes, como "Hannah Montana" e "Camp Rock". Muitos desses programas chegam à TV aberta -"Backyardigans" passou pela Rede TV!, "Ben 10" vai ao ar no SBT e "High School" foi exibido pela Globo. Mas quando isso ocorre, o fenômeno já está consolidado, ainda que possa ser alavancado, segundo executivos entrevistados pela Folha, visto que a TV fechada está em menos de 10% dos lares. "Quando "Ben 10" chegou ao SBT, já era sucesso no Cartoon. Mas a venda de licenciados foi multiplicada talvez por dez. Não podemos ignorar a classe C, que não tem TV paga e é ávida por consumo", diz Adriana de Souza, diretora de licenciamento do Cartoon no Brasil. Para Herbert Greco, diretor de marketing da Disney no Brasil, a TV aberta nem sempre tem esse poder. "Quando os programas vão para canais abertos, já estouraram. Às vezes, espera-se aumento das vendas e isso não ocorre." O êxito de canais infantis é ligado também à segmentação da TV fechada. "Pensamos 24 horas em crianças. Na TV aberta, isso não acontece", afirma André Rossi, gerente de programação do Discovery Kids. E aí vem a segmentação da segmentação. Disney e Nickelodeon acabam de lançar Playhouse Disney e Nick Jr., que disputam com Discovery Kids. São três canais só para "baixinhos" de zero a cinco anos. Não há Xuxa que dê conta. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0911200808.htm

Crianças agora querem novelinhas, afirmam canais

"Live action". Esse é o termo do momento entre os canais para crianças e pré-adolescentes. Engloba tudo o que não é desenho animado, mas produzido com pessoas "de verdade", como séries, programas com apresentadores, "reality shows" e até novelinhas. "É um fenômeno recente entre crianças a partir de uns sete, oito anos. Esses programas geram uma identificação imediata com o público. Eles gostam de tramas que falam do primeiro romance, de moda, da escola, que tenham algo "real". Mesmo os desenhos animados para essa fase estão se aproximando do "real'", diz Carolina Vianna, diretora de marketing no Brasil da Viacom, da Nickelodeon. André Rossi, gerente de programação do Discovery Kids, observa a tendência entre pré-escolares. Por isso, o canal investiu em novas atrações com pessoas, como "As Aventuras de Bindi", com uma garota que fala da natureza, e "Mister Maker", no qual o apresentador ensina a fazer trabalhos manuais. Na opinião de Vianna, isso tem a ver com "a precocidade das crianças, o avanço da tecnologia, a internet". Entre os sucessos do Nickelodeon nessa área estão o "reality" "The Naked Brothers Band" (dois irmãos que tocam rock) e o seriado "iCarly" (cantora que começa a carreira na escola). Como se pode ver, são "parentes" do megafenômeno do "live action", o "High School Musical", do Disney Channel. Tem também "Karku", a primeira novela teen exibida no Nickelodeon, do Chile. No próximo ano, estréiam uma trama da Venezuela e outra realizada na Argentina. E já está nos planos a produção de uma novela no Brasil. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0911200810.htm

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